Para quem procura emprego, a hora da entrevista é sempre um momento de apreensão. Aquele frio na barriga, um nervosismo meio difícil de controlar. Afinal, a conversa pode ser decisiva para conseguir a vaga.
Depois de dois meses no novo emprego, João Kleber já pegou o jeito, não tem mais medo de derrubar a bandeja e adora o contato com os clientes. Ele teve que vencer a timidez quando foi entrevistado durante a seleção.
“Sendo simpático, sorrindo um pouco, não ficar retraído”, conta João Cleber Cleim, atendente.No caso do supervisor Edielton Tomaz Dias, o nervosismo quase atrapalhou. Só que ele percebeu que se ficasse tenso, não conseguiria ter um bom desempenho. Respirou fundo, se acalmou e tudo deu certo.
“Teve uma prova dinâmica, a gente teve que simular um atendimento, eu tentei me movimentar o máximo, mais que os outros, tentei mais chamar atenção com expressão corporal, o máximo possível”, revela.
Com 70 anos, Lucília de Souza, recepcionista de restaurante, parecia ter poucas chances de conseguir um emprego. Ela tentou uma vaga no programa para a terceira idade da empresa e foi contratada como recepcionista.
Ela dá as boas vindas aos clientes e vai com eles até a mesa. Para uma função como essa, na entrevista ela apostou na simpatia. “Eu acho que as pessoas gostam de quem está com ar de que está feliz, porque você não vai contratar pessoas que estejam pra baixo”, acredita.
Lucília tem razão. Foi esse brilho no olhar que fez a diferença na contratação dela, na de João Kleber e na de Edielton.
“Vontade de se integrar no time, fazer parte do contexto, independente de qualquer outra coisa”, garante Reinaldo Zani, gerente de rede de restaurantes.
A primeira impressão que o entrevistador tem de você com certeza influencia na hora de definir se a vaga é sua ou não. Então cuidado, você deve sim mostrar entusiasmo, simpatia, disposição.
Mas não se esqueça que uma entrevista é sempre uma situação formal. Por isso, na busca por um trabalho, quem segue algumas regrinhas simples de etiqueta, se destaca dos outros candidatos.
Veja algumas dicas para a entrevista de emprego:
Falar com espontaneidade, tudo bem. Gírias e palavrões estão fora de cogitação.
Pode ser sincero, mas não vale falar mal do ex-chefe ou de outros empregos.
Para o visual, prefira uma roupa um pouco mais séria.
Não tem que usar sempre terno e gravata, mas nada de exageros para mostrar que é moderninho.
“Você não pode vir decotada, nem com muita maquiagem e nem de qualquer jeito”, acredita Jenifer de Paula, auxiliar de produção.
“Perguntar logo de cara quanto eu vou ganhar, não se faz isso, se colocar sempre à disposição para outras entrevistas. Jamais chegar atrasado, falar ao celular. É todo um ritual”, afirma Karin Parodi, especialista em recursos humanos.
Edenilton Mendes não tinha muita experiência com entrevistas quando foi chamado pra participar da seleção em uma empresa que fabrica brindes. Há um ano começou como auxiliar de produção e hoje é o encarregado, coordena o trabalho de 23 pessoas. “Tinha vontade de aprender cada vez mais e foi o que aconteceu aqui dentro”.
Carlos Henrique de Brito, vendedor, também procurou a empresa para se candidatar a uma vaga de ajudante de produção. Só que durante entrevista, o dono da fábrica logo percebeu que Carlos tinha perfil para vendas.
“Eu nunca tinha trabalhado com vendas, mas quando eu comecei a trabalhar, durante três meses eu bati a meta da empresa”, revela.
O dono da empresa diz que existe uma diferença entre os que buscam um emprego e quem quer uma oportunidade. Em poucos minutos de conversa garante que dá para perceber isso.
“As pessoas que estão interessadas em emprego não querem saber da oportunidade, são aqueles que querem saber os dias de folga, se trabalha aos sábados, que na entrevista já vem logo de cara querendo saber a parte de salários também, então esse é um perfil que não agrada muito a nós na empresa. Em compensação a parte do pessoal que busca oportunidade são aqueles que vêm mais determinados, a gente percebe um certo brilho no olhar, as pessoas vêm muito motivadas. É o perfil que a gente busca”, garante Ricardo Ferreira, microempresário.
“Entrevista não é uma ameaça, entrevista é uma oportunidade de você contar tudo o que você já fez, como você já fez e os resultados que você já conseguiu”, diz Karin.
“Procurar falar as palavras certas e acreditar na vontade e acreditar”, acredita Carlos.