quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Truques para se lembrar de tudo

Números de telefone, endereços, datas de aniversário, contas bancárias... Existe algum sistema simples para lembrar uma série de dados, nomes, números ou qualquer lista de elementos que não podem ser memorizados facilmente?

Este método não só existe mas também está ao alcance de todo aquele que se proponha a aprendê-lo e aproveitá-lo, assinala o especialista em mnemotécnica José Luis Sanz, porque "muita gente não tem má memória, mas não sabe utilizá-la".

A mnemotécnica ou mnemônica (vocábulo derivado dos termos gregos que designam "memória" e "técnica") consiste em uma série de procedimentos destinados a facilitar a lembrança de algo, recorrendo para isso à associação de outras ideias mais simples e frequentes que o tragam facilmente à memória.

Para Sanz, "memorizar uma longa lista de itens, números ou dados está ao alcance de qualquer um que conheça a técnica adequada".Este especialista em marketing e negócios, habituado a tramitar complexos programas de cooperação internacional com a América Latina, não se propõe melhorar a memória natural, mas ensinar a "utilizar a agenda mental e registrar informação nela".

O especialista afirma que um dos recursos mais frequentes para favorecer a retenção consiste em fazer listas de palavras encadeadas através de associações ilógicas, exageradas, de movimento, muito visuais e frequentemente grotescas.

Segundo Sanz, as técnicas para a memória consistem basicamente em efetuar elos ou ganchos entre diferentes conceitos para que as lembranças surjam mais facilmente, e existem muitas escolas, sobretudo baseadas nas associações lógicas.

Uma técnica desenvolvida pelo americano Harry Lorayne, nas décadas de 50 e 60, permite efetuar associações com um maior impacto na memória que os métodos convencionais, por exemplo, baseados nos jogos de palavras.Segundo especialistas, o melhor para lembrar uma coisa é exagerá-la. Curiosamente, o impacto da memorização é ainda maior se o nexo se efetua com base em conteúdos de índole sexual, escatológica ou forte, como os "palavrões".


Quanto mais exagero, maior a memorização.

Para lembrar de um tapete e um papel, o sistema tradicional propõe por exemplo visualizar o primeiro envolvido no segundo, enquanto para os partidários de Lorayne a melhor forma de recordá-lo seria visualizar um enorme tapete de papel que cobrisse todo o quarto inclusive suas paredes, do qual se cortam pedaços para fazer um pacote gigante.

"De todo modo, não há receitas fixas. O importante é que cada pessoa efetue sua associação com a primeira coisa que lhe ocorra ou lhe venha à mente, que é o que sempre lembrará, e que além disso pratique os exercícios mnemotécnicos até incorporá-los a sua vida diária como algo automático", assinala Sanz.

Para lembrar de números, os quais não se podem visualizar como as palavras ou objetos, o truque é transformá-los em vocábulos, que por sua vez podem ser associados depois de modo ilógico. O sistema mais simples consiste em dar a cada número uma ou duas letras do alfabeto, relacionadas com seu som, forma ou outro aspecto. Por exemplo, se pode relacionar o 1 ao T (em forma de tronco), o 2 ao N (similares em forma embora em posição diferente), o 3 ao M (também parecidos), o 4 ao R (pode se imaginar o erre da palavra quatro) e o 5 ao L (derivada de sua escrita em números romanos)."O 6 pode corresponder ao S (de som similar a seis), o 7 ao C (associada aos sons fortes ca, que, qui, co, cu), o 8 ao f (que em minúscula e manuscrita se escreve parecido ao número), o 9 ao P (a letra maiúscula invertida é similar ao número) e o 0 ao Z (por seu som)", aconselha este especialista.

Assim, para lembrar um número é preciso associar cada um de seus dígitos a uma letra e com elas formar sílabas dando lugar a uma palavra: por exemplo o número-chave de um cartão eletrônico 3496 pode ser lembrado com a palavra "mariposa", (3=M, 4=R, 9=P e 6=S), e depois exagerar sua imagem, visualizando milhares de mariposas saindo do cartão.

Segundo Sanz, "isto que pode parecer complexo de início, chega a fazer-se quase de forma automática com a prática; e à medida que se confia cada vez mais na memória, mais ela melhora". Por outro lado, para que se grave na mente uma longa lista do que deve comprar no supermercado, pode-se visualizar cada elemento associado a situações disparatadas, como quebrar um ovo na testa ou esfregar alho no olhos.

Pode se imaginar com que se joga um pacote de farinha sobre a cabeça até ela ficar toda branca, que se quebra ovos na testa, que se esfrega alho no olhos, que se come um bacalhau inteiro, ou que se coloca um colar de bolachas em volta do pescoço.

"Para lembrar o nome de uma pessoa pode se associar um traço ou sinal de seu rosto (Antônio, óculos), mas também se pode recorrer ao método mais simples de repetir 3 vezes seu nome e sobrenome no transcurso da primeira conversa que se mantém com ela", sugere Sanz, que admite que "muitas vezes simplesmente nós não nos lembramos de uma coisa porque não se presta atenção a ela".

Fonte:Yahoo

Anvisa determina monitoramento de usuários do Tamiflu

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou como medida de interesse sanitário o monitoramento de usuários do Tamiflu, medicamento que contém oseltamivir em sua formulação. A determinação abrange os detentores de registros desse tipo de medicamento, os serviços de saúde, públicos ou privados, e os profissionais da saúde.

De acordo com a resolução publicada no Diário Oficial da União de hoje (27) o monitoramento do paciente deverá ser feito por profissional responsável pelo atendimento ambulatorial e/ou pelo serviço de saúde onde houver internação. Os serviços de saúde deverão definir as rotinas e procedimentos necessários para garantir o contato com o paciente durante todo o período de tratamento.

Os profissionais e serviços de saúde que fizerem atendimento, de qualquer natureza, aos pacientes tratados com medicamentos contendo oseltamivir deverão incluir na avaliação clínica a observação de reações adversas ou que não foram detectadas durante os testes de laboratório.

De acordo com a resolução, a medida visa a combater a situação de pandemia ocasionada por um novo vírus Influenza H1N1 que aumentará notoriamente a utilização de antivirais como oseltamivir e, possivelmente, de outros medicamentos, gerando a necessidade de intensificar as ações de vigilância nas farmácias. A Organização Panamericana de Saúde (OPAS) vem estimulando nas Américas o desenvolvimento de estudos em vigilância para o manejo seguro da medicação.

Fonte:Agência Brasil

A história do doping nos esportes

Já em 800 a.C., atletas usavam cogumelos para melhorar desempenho.
Comissão médica passou a atuar nas Olimpíadas só em 1968.

Os recentes casos brasileiros de doping têm chamado a atenção da mídia e do público, mas essa prática não tem nada de novo: na realidade, ela faz parte da história do homem há milênios.

A história do uso de substâncias que melhoram o desempenho físico é mais antiga do que os jogos olímpicos. Os chineses, há 4 mil anos, conhecem os efeitos do chá da planta chamada “machuang”, que contém efedrina em altas doses e era utilizada para aumentar a capacidade de trabalho.

Nos jogos olímpicos da Antiguidade, em 800 antes de Cristo, os atletas bebiam chás de diversas ervas e usavam óleos e cogumelos para melhorar do seu desempenho. Já no século 19 se tornou popular entre os atletas uma bebida chamada “Vin Mariani”, à base de folhas de cocaína, que levava o nome do alquimista que a produzia.

Os primeiros Jogos da Era Moderna, organizados pelo barão de Coubertin, em Atenas, em 1896, marcaram o aparecimento das “bolinhas”, esferas contendo diversas substâncias estimulantes como cocaína, efedrina e estriquinina. Daí o termo “usar bola” como sinônimo de dopar-se.

No período inicial do século 20, as Olimpíadas eram momentos de celebração e esporte. O espírito olímpico prevalecia e o uso do doping era eventual, pois os atletas competiam pelo prazer da superação individual.

A Olimpíada de Berlim, em 1936, marca o início da utilização política dos jogos. A fantasia de supremacia hitlerista, fragorosamente derrotada por Jesse Owens, mudou o espírito das competições para sempre.

A Segunda Guerra Mundial traz do front a pesquisa de substâncias que mantinham soldados acordados por mais tempo e aumentavam sua resistência ao cansaço. Com a necessidade de recuperação dos prisioneiros desnutridos dos campos de concentração, aperfeiçoamos o uso dos hormônios anabolizantes.

Seja por motivos políticos ou financeiros, o doping passou a ser utilizado de forma cada vez mais “científica”. Agora, o que vale é a vitória a qualquer preço. E esse preço foi cobrado de forma dolorosa nos jogos de 1960 e de 1964, com a morte de dois atletas por uso excessivo de substâncias estimulantes e hormônios.

A partir daí, o Comitê Olímpico Internacional criou uma comissão médica que passou a atuar nas Olimpíadas, começando pela do México, em 1968.

As técnicas de doping continuam a evoluir da mesma forma que as técnicas de controle em uma briga de gato e rato.


Doença na tireoide pode proteger contra câncer, conclui estudo nos EUA

Mulheres com o tumor devem ter função tireoidiana acompanhada.
Pesquisa foi realizada no M.D. Anderson Cancer Center.

Pesquisadores do M.D. Anderson Cancer Center, da Universidade do Texas, descobriram que existe uma relação entre a glândula tireoide e a ocorrência dos tumores malignos de mama. Segundo a pesquisa realizada com mais de duas mil mulheres, as que apresentam hipotireoidismo, têm 60% menos chance de vir a sofrer de câncer de mama.

A tireoide é uma glândula localizada no pescoço e é parte importante do controle do funcionamento do corpo humano. Ela atua por meio da produção de dois hormônios: T4 (tiroxina) e T3 (triiodotironina), que estimulam o metabolismo.

A pessoa pode sofrer de hipotireoidismo (baixa produção dos hormônios) ou hipertireoidismo (aumento da produção dos hormônios), e isso pode ocorrer por várias causas diferentes.

O hipotireoidismo pode atingir até cerca de 20% das mulheres, após os 50 anos de idade. As pessoas atingidas por essa situação têm uma diminuição do ritmo de todo seu metabolismo e nível de atividades.

Além da redução do risco de câncer de mama, as mulheres que tiveram hipotireoidismo, quando sofrem desse tumor apresentam uma forma menos agressiva da doença.

Os pesquisadores acreditam que a causa dessa relação esteja no fato de que receptores nas células tumorais da mama reajam aos estímulos dos hormônios tireoidianos e do estrogênio – outro hormônio relacionado ao câncer da mama.

A pesquisa americana deve servir para que as mulheres que sofrem de câncer de mama tenham sua função tireoidiana avaliada e acompanhada de perto.

Fonte:G1

Brasil é o país com maior número de mortos pela nova gripe, diz Saúde


Taxa de mortalidade, no entanto, é menor do que em outros seis países.
Mortes pelo vírus no Brasil chegam a 557, diz boletim.

O Ministério da Saúde disse nesta quarta-feira (26), em nota, que o Brasil já registra a maior quantidade de mortos pela nova gripe. Até o dia 22 de agosto, foram observados 557 óbitos pelo vírus H1N1. De acordo com o boletim, no entanto, a taxa de mortalidade do Brasil (0,29) é menor do que em outros seis países. Isto porque o percentual de óbitos é calculado em relação à quantidade de habitantes em cada país.

O ministério também ressaltou que os países adotam periodicidade diferente para a atualização do número de mortes. Os últimos dados dos Estados Unidos, por exemplo, se referem a 15 de agosto. Ainda de acordo com o boletim, os países com as maiores taxas de mortalidade estão no hemisfério sul, por causa do inverno.

O ministério disse também que, pela segunda semana consecutiva, houve queda na quantidade de casos graves da nova gripe. Segundo o boletim, a semana que vai de 16 a 22 de agosto teve uma diminuição no número absoluto de casos. A mesma tendência havia sido observada na semana que vai de 9 a 15 deste mês.

O ministério observou, no entanto, que não é possível concluir que a tendência seja definitiva, pois ainda existem casos em investigação ou que não tiveram as informações sobre a conclusão registradas no sistema de informação pelas secretarias estaduais e municipais de Saúde.

O boletim também ressaltou os riscos da doença para as mulheres grávidas. Das 480 gestantes infectadas pelo vírus Influenza A, 58 morreram.

Medida Provisória

O Ministério da Saúde também disse que o governo decidiu enviar ao Congresso Nacional uma medida provisória para a liberação de um crédito suplementar de R$ 2,1bilhões para o enfrentamento da pandemia de Influenza A.

O recurso será utilizado na compra de 73 milhões de doses da vacina contra a nova gripe, além da aquisição de 11,2 milhões de tratamentos, equipamentos, leitos de UTI, ampliação dos turnos nas unidades de saúde e capacitação dos profissionais.

O boletim informou ainda que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que o Tamiflu, remédio utilizado para o tratamento do vírus H1N1, não seja utilizado por pessoas com sintomas leves ou sem fator de risco.

Fonte: G1

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Artigo: A gente é idiota


Você está na Rua Dias Ferreira, calor de rachar, quando vislumbra a imagem luminosa de uma geladeira de sorvetes.

Entra, pede um picolé e, quando vai pagar, percebe que está numa farmácia. Aí, você aproveita e decide comprar um antibiótico.

É isso que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, acha que acontece. Pelas novas regras, as farmácias não podem mais vender balas, sorvetes, bengalas, guarda-chuvas, enfim, nada que não seja medicamento ou coisa próxima. Mamadeira, por exemplo, pode. Roupinha de bebê, não pode.

Qual o argumento? Evitar a automedicação e o uso excessivo de remédios.

E como se faz isso? Reduzindo o número de pessoas que entram numa farmácia.

Ou seja, o pessoal da Anvisa acha que, proibindo o consumidor de comprar chiclete na farmácia, reduz o uso de anti-inflamatórios. Ou, vendo a história pelo reverso, o pessoal acha que o sujeito entra para comprar um chiclete de um real e sai com um pacote de medicamentos de 50 reais.

Além disso, a nova regra determina que as farmácias não poderão colocar os medicamentos de venda livre nas gôndolas e prateleiras, ao alcance dos consumidores. Os produtos deverão ficar atrás dos balcões e o consumidor precisará pedir a um funcionário da farmácia.

Mesmo argumento. O sujeito entra para comprar um comprimido para dor de cabeça e resolve levar antigripal, xarope, preservativo, diurético e tal. Diretores da Anvisa disseram que é preciso proteger o consumidor e evitar que ele caia nas armadilhas insidiosas dos donos de farmácias ou ceda a seus piores instintos de tomar qualquer medicamento que apareça na sua frente.

Mesmo que isso fosse verdade, não resolveria o problema. É óbvio que o funcionário da farmácia, ao entregar o produto solicitado pelo consumidor, vai perguntar: mais alguma coisa? A pessoa que gosta de um remediozinho e os hipocondríacos continuarão indo à farmácia buscar as novidades.

A coisa toda só vai atrapalhar o consumidor normal, a imensa maioria.

Mas há mais. Com essas regras e suas explicações, a Anvisa está dizendo que nós, consumidores, somos uns idiotas, uns bobalhões, vítimas fáceis de charlatães. Assim, o governo, formado por sábios, como todos sabem, precisa dizer o que a gente pode ou não comprar e onde.

Esse cidadão normal, estando doente, obviamente deseja ser atendido por um bom médico, receber a receita e adquirir os remédios corretos numa farmácia confiável. Só não faz isso quando não tem acesso à consulta – acesso a tempo, bem entendido, não esperando dias.

Assim, parece razoável supor que a pessoa se medica quando não consegue ser atendida no SUS ou não tem dinheiro para pagar um serviço privado.

E aí entra o problema adicional: o automedicamento funciona porque se compra sem receita, o que é ilegal.

De maneira que a Anvisa, que regula os planos e seguros saúde, tem aí dois desafios sérios: garantir atendimento eficiente aos doentes e controlar a venda com receita.

Em vez de fazer isso, proíbe a venda de picolés em farmácias. Impõe um desconforto ao consumidor e um custo às farmácias. Todas precisarão mudar seu layout, trocar os móveis.

Para as grandes redes, pode ser um custo normal. Para as pequenas, não.

Além disso, as novas regras retiram faturamento das farmácias, o que encarece toda a operação e, pois, coloca uma pressão adicional sobre os preços de medicamentos.

Em 2007, a Anvisa colocou tais regras em consulta pública, De lá para cá, não houve mudança nesse quadro de assistência insuficiente e venda ilegal sem receita. E o que faz a Anvisa? Resolve complicar o comércio legal.

Reparem: quem vendia sem receita, continuará vendendo. Quem vendia dipirona do Paraguai, continuará vendendo, talvez mais. A farmácia que fazia tudo certinho, vendendo medicamentos e picolés de qualidade, será prejudicada.

Só pode o ilegal.

Por que não copiam um sistema que funciona? Nos Estados Unidos, você compra muitas coisas nas farmácias, verdadeiras lojas de conveniência. Mas não consegue de jeito nenhum comprar medicamento restrito sem receita.

Aqui, eles montam um sistema que vende remédio sem receita, mas não vende picolés nem com receita.

O Globo Carlos Alberto Sardenberg

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Quase metade dos medicamentos é usada irracionalmente em todo o mundo

Hoje há mais de 20 mil remédios disponíveis no mercado.
Fenômeno é uma das 6 principais causas de morte nos EUA.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, a agência de saúde pública das Nações Unidas), quase metade dos medicamentos consumidos no mundo está sendo utilizada de maneira irracional. Essa é a conclusão a que chegaram os especialistas da entidade após coleta e análise de dados sobre a utilização e a disponibilidade dos remédios globalmente.

Os exemplos de utilização inadequada são vários: “supertratamento” de doenças simples, mau uso dos antibióticos, automedicação, tratamentos incompletos ou tratamento incorreto de doenças sérias. Importante lembrar que esses fatos ocorrem em todos os países e não só nos menos desenvolvidos.

Atualmente existem mais de 20 mil medicamentos diferentes disponíveis e com apenas 316 a humanidade poderia tratar as doenças mais importantes, entre as quais as enfermidades crônicas.

Os dados são impressionantes:

  • Em torno de 50% dos antibióticos utilizados no mundo são subutilizados ou utilizados sem indicação.

  • Nos Estados Unidos os efeitos adversos decorrentes do uso inadequado de medicamentos é uma das seis causas mais importantes de morte.

A utilização errada dos antibióticos está levando à criação de bactérias resistentes e já tornou, por exemplo, o protozoário causador da malária resistente a cloroquina (medicamento padrão de tratamento) em 80 países. A penicilina não é mais capaz de curar a gonorréia em 98% dos casos.

Nos dias de hoje a discussão sobre o surgimento de formas resistentes do vírus influenza A (H1N1) aponta para o uso irracional do antiviral como a causa dos primeiros casos de resistência já identificados.

A tuberculose é outra doença que, depois de ressurgir há pouco mais de 2 décadas com a epidemia de HIV/Aids, vem mostrando formas resistentes que desafiam a medicina, frutos da utilização incompleta do tratamento.

O tema por si só é importante, porém quando lembramos que estão em jogo o sofrimento de pessoas e o uso de recursos financeiros escassos para a saúde, o uso irracional de remédios torna-se problema de saúde pública e deveria ser amplamente discutido pela sociedade.

Fonte: G1

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Saiba transformar a pesquisa do TCC no produto final


Veja como resultado deve conter todo o processo de pesquisa

Se estruturar toda a sustentação teórica de um TCC (trabalho de conclusão de curso) já é trabalhoso, tirar isso tudo do papel é tão laborioso quanto. Depois do processo de pesquisa, chega o momento de transformar conhecimentos em produto. Independente do formato ou do tema escolhido, o TCC deve aliar o conhecimento obtido durante a etapa de investigação com a criação de projetos que mostrem as opiniões e conclusões do aluno ou grupo.

"Todas as modalidades de TCC, independentemente do formato escolhido, precisam do processo investigativo para fundamentar teoricamente o produto final. O trabalho deve ser composto a partir de bases sólidas para aproximar o experimento das teorias aprendidas durante a graduação", explica Sérgio Arreguy, coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade FUMEC. Na opinião dele, teoria e prática são complementares para o processo de aprendizado.

Segundo Suzana Viegas, coordenadora do curso de Direito da UnB (Universidade de Brasília), para transmitir o conteúdo do trabalho, é necessário tomar como base autores que dominam o assunto a ser tratado e ao mesmo tempo desenvolver sua própria visão e conclusões sobre o tema. De acordo com ela, de nada adianta entregar um trabalho repleto de citações recolhidas durante a pesquisa. "Isso pode ser interpretado pela banca examinadora como plágio", alerta.

Para Orlando Strobel, diretor do curso de Engenharia Civil da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), transformar a pesquisa no trabalho é uma tarefa que ficará mais complicado a medida em que o estudante não conseguir se organizar. "Quando o aluno encontra dificuldades já para delimitar o projeto e realizar a pesquisa, fazer o trabalho final se torna ainda mais difícil", resume ele. Strobel acredita que a pré-banca é essencial para auxiliar os estudantes. "É comum o tema desviar durante a coleta de materiais. Os examinadores têm como corrigir o rumo para que o produto final esteja alinhado à proposta", declara ele.

Dicas para redigir seu TCC

- Fiche todos os artigos e livros lidos. Isso ajuda a organizar as principais idéias que devem constar no texto e não deixar nada de lado

- Depois da leitura e confronto de todos os materiais recolhidos na etapa de pesquisa, tire suas próprias conclusões, sem abusar de citações

- Fundamente suas opiniões teoricamente. O aluno só deve mostrar as próprias conclusões quando houver autores que as comprovem.

- Tenha o cuidado de creditar todas as citações para que o erro não seja interpretado como plágio

- Avalie se o projeto tem viabilidade econômica e se há público consumidor


Já Suzana opta por acompanhar o processo de redação do projeto desde a etapa de pesquisa. "Todo o material recolhido durante as investigações é avaliado pelo orientador, que define a pertinência. Dessa forma, quando chega o momento de redigir a monografia, o estudante sabe quais autores servirão de base e quais são secundários", afirma ela.

Para ajudar os alunos, Suzana recomenda fichar todos os livros e artigos da bibliografia do trabalho. "Isso facilita a organização das idéias a serem expostas em cada capítulo da monografia", sugere ela. A coordenadora diz que esses sumários podem ser mudados enquanto o trabalho é escrito, mas aposta nesse método como o melhor para que os estudantes não repitam informações ou deixem conteúdos importantes de lado.

Trabalho final

Para redigir o TCC sobre planejamento de carreiras, o grupo de Aline Marcolongo, graduada em Gestão em Recursos Humanos pela UNICID (Universidade Cidade de São Paulo), não encontrou muitos problemas. Ela acredita que o sucesso se deu, em parte, pelo auxílio recebido do orientador. "O professor nos indicou os melhores autores para a pesquisa", garante ela. Aline diz ter tomado workshops, livros e palestras sobre o tema estudado como base. "Entretanto, no momento de escrever o projeto final, juntamos toda a investigação e tiramos nossas próprias conclusões a partir das diversas opiniões e posicionamentos estudados. Usamos os autores para solidificar o conhecimento", declara ela.

A metodologia de Aline é aprovada por Denilson Marques, chefe de departamento da graduação em Administração da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). "Recomendo aos alunos identificarem o problema abordado, pesquisar autores com opiniões diferentes sobre o tópico e escolher a teoria que mais se aproxima da visão do grupo. Depois desse processo, é aconselhável procurar empresas para o estudo prático do tema e tirar as conclusões", diz ele.

Com auxílio do orientador, o grupo de Aline teve facilidade para processar o material de pesquisa

Tal prática, de acordo com Marques, tem como objetivo consolidar a base teórica do trabalho. "Por isso a importância do uso de autores diversificados", explica ele. Entretanto, o chefe de departamento da graduação em Administração da UFPE lembra que não devem ser mencionados apenas pesquisadores com a mesma linha de pensamento do grupo. "Também é interessante usar opiniões divergentes, contanto que o grupo consiga explicar porque discorda da afirmação", explica.

No caso de trabalhos que tem produtos como objetivo final, Strobel lembra que, além do orientador, é importante procurar um docente que avalie a viabilidade econômica do projeto. "Não aceitamos estudos teóricos que não abordem a parte prática. Além das técnicas, avaliamos os conhecimentos de viabilidade econômica dos grupos porque, ao montar um projeto, é preciso que ele tenha chances de ser implantado na prática", diz ele.

Além da viabilidade, Arreguy destaca a importância da necessidade de estudar os nichos de mercado. "Da mesma forma que o mercado de trabalho exige prospecção e avaliação do aceite de clientes, exigimos o mesmo para os trabalhos de conclusão. Dessa maneira, o TCC contribui de forma plena para a formação do estudante", acrescenta.

Fonte: UNIVERSIA

CNPq amplia Programa de Bolsas de Produtividade


Modalidade de Desenvolvimento Tecnológico recebe inscrições até 11/09

O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), com o apoio do MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia), vai ampliar o Programa de Bolsas de Produtividade na área de Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora, que passará a ter os mesmos benefícios e as mesmas características do Programa de Bolsas de Produtividade em Pesquisa.

Além da inclusão do adicional da bancada na categoria I, as novas concessões incluem o aumento do prazo dos auxílios. Enquanto as bolsas de nível I-A passarão a ter validade de cinco anos, as de nível I-B, I-C ou I-D terão duração de quatro anos. Já os auxílios da categoria II serão válidos por três anos.

O prazo das inscrições para as bolsas de Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora segue até 11 de setembro. Os interessados em participar da seleção devem preencher o Formulário de Propostas On-line, disponível no site www.carloschagas.cnpq.br. Será permitido a cada pesquisador concorrer a apenas uma das modalidades Programa de Bolsas de Produtividade.

Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail suporte@cnpq.br ou pelo telefones 61- 2108-9004 ou 61- 2108-9354.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Apenas 2% dos pesquisadores vão para a indústria


Reconhecimento e melhores sálarios retêm profissionais na universidade

Um estudo coordenado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apontou que apenas 1,9% dos doutores brasileiros vai para o setor industrial. Segundo o IPEA, o Brasil forma em média 10 mil doutores anualmente. O levantamento identificou ainda que 66% desse público atua como professor universitário. Divonir Guzzo, responsável pela pesquisa, diz não ter ficado surpreso com os números. Para ele, o percentual de pesquisadores que atua na indústria não cresce porque as empresas também não mostram interesse por inovação.

"Aproximadamente 75% das organizações no Brasil não fazem esforço significativo para inovação e pesquisa. As indústrias não querem gastar dinheiro em estudos próprios", diz Guzzo. Já João Edgar Schmidt, pró-reitor de pesquisa da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), acredita que o baixo índice de pesquisadores na indústria é reflexo da pouca aproximação entre os setores. "Por cerca de 40 anos, o País investiu em pesquisa e formação acadêmica de qualidade. Hoje, é evidente que há necessidade de transferir esse conhecimento para as indústrias, mas a mudança cultural é lenta", acredita ele.

Essa mudança cultural citada por Schmidt não seria algo de responsabilidade apenas das empresas, mas também deve envolver os próprios doutores. Ele afirma ainda que é mais barato para as indústrias importar tecnologias prontas do que investir para o desenvolvimento de uma nova, mas que isso pode ter efeito contrário a longo prazo. "Essa prática tem custo alto porque depende de importação contínua", alerta ele.

Guzzo chama a atenção ainda para a posição de status que um doutor pesquisador ganha ao publicar artigos. De acordo com ele, o reconhecimento gerado na publicação de artigos não se verificava com a produção de patentes. "Essa é a cultura da educação do meio acadêmico, que deixa os doutores longe de processos industriais", resume ele. Jorge Guimarães, presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), garante que as patentes já são avaliadas pelo órgão. "Esse processo foi implantado para estimular a inovação. Os países que produzem patentes são os que têm indústrias de ponta", declara ele.

Guimarães destaca a importância de contar com pesquisadores dentro da indústria. "As empresas não conseguem conversar com o setor acadêmico porque não há profissionais qualificados para a discussão", critica ele. No entanto, Guimarães considera que o Brasil já alcançou algumas mudanças. "A área de engenharia tem avanços nesse sentido. Uma parte da força de trabalho das empresas é dessa área", diz o presidente da Capes.

Mais pesquisadores na indústria

Para colaborar com a migração de pesquisadores das universidades para a indústria, Guimarães recorda que o governo tem projetos de incentivo. "Entidades como Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) têm programas que encorajam a saída do meio acadêmico", garante ele, que diz ainda que o próximo passo é atrair os jovens para essa possibilidade.

Entretanto, segundo Fabiano Gallindo, especialista de Projetos Tecnológicos do Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), a transição não será fácil. "Será dada ao pesquisador a alternativa de trabalhar para empresas. Porém, os salários da indústria são mais baixos se comparados aos do meio acadêmico e a maneira de trabalhar é diferente", afirma ele. Por causa de tais fatores, Gallindo diz que mesmo com os programas de incentivo, há a possibilidade dos doutores permanecerem nas universidades.

Por outro lado, Schmidt mostra-se otimista quanto ao processo de transferência dos doutores para o setor produtivo. "As universidades já se conscientizaram da necessidade de haver pesquisadores dentro das empresas. Isso pode ser comprovado pelo surgimento das incubadoras e de cursos de empreendedorismo oferecidos pelas instituições, que têm a intenção de colocar em prática os resultados das pesquisas", declara ele. O pró-reitor diz que há países em que 70% dos doutores se concentram na indústria. "Isso seria o ideal para o País", defende ele.

Guimarães partilha da opinião sobre a proporção ideal de pesquisadores em cada setor. "No Brasil ainda estamos longe disso, mas a necessidade já é percebida e as mudanças estão em processo", acredita ele. Gallindo, porém, aposta numa transição mais gradual. "Como será demorado reverter o quadro, é aconselhável promover alianças entre universidades e empresas para que as pesquisas cheguem ao setor industrial", argumenta ele.

De acordo com Guzzo, há empresas que demonstram interesse em realizar tais pactos. "As organizações interessadas em inovação que não têm seus próprios pesquisadores procuram parcerias com grupos de pesquisa de universidades que já desenvolvam estudos no setor", revela ele. O pesquisador diz que ainda não é possível calcular qual o número de doutores adeptos de tal prática e acrescenta que o processo é desconhecido de muitos. "É um recurso válido, mas que não é divulgado", lamenta ele.

O pró-reitor de pesquisa destaca a importância de promover a parceria. "Apenas dessa maneira é possível transferir o conhecimento produzido pela academia para a sociedade. Para que essa passagem seja feita de maneira satisfatória deve haver interlocutores de ambos os lados capazes de se comunicar", avalia Schmidt.


Fonte:UNIVERSIA

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Encontro de Farmácia reúne mais de 500 estudantes na Unicamp

A Unicamp sedia até 1º de agosto o 32º Encontro Nacional dos Estudantes de Farmácia (Enef). O encontro, que nesta edição reúne cerca de 500 graduandos da área no Centro de Convenções da Universidade, tem como objetivo agregar estudantes de todo o Brasil, para discutir e elaborar proposições sobre a produção científica, educação farmacêutica, concepção de saúde, políticas e princípios do SUS, realidade brasileira, atenção farmacêutica, patentes, educação em saúde e outras questões importantes aos futuros farmacêuticos.

Este ano, o evento está sob responsabilidade do Centro Acadêmico de Farmácia da Unicamp (Cafarma), mas todas as universidades se envolvem na organização. De acordo com o estudante do quinto ano de farmácia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Lucas Rodrigues, o Enef é uma reorganização do movimento estudantil na área em busca da valorização do currículo acadêmico e do profissional. O Enef, segundo o estudante, é o fórum máximo de decisões e de encaminhamento da luta por uma educação farmacêutica voltada para a produção de conhecimento que atenda a demanda da população.

Dentro do Enef acontece o Congresso Científico Brasileiro de Estudantes de Farmácia (CCBF), no qual os estudantes podem apresentar estudos e pesquisas desenvolvidos na universidade. André Igor Oliveira Prado teve a oportunidade de apresentar um trabalho que diz respeito ao papel do farmacêutico na sociedade, em especial a orientação sobre o uso racional de medicamentos. O estudo intitulado

A relação entre o farmacêutico e a dispensa de medicamentos em caráter excepcional: caso da acne em Teresina” traçou o perfil dos pacientes atendidos por um grupo de cinco farmacêuticos da Secretaria de Saúde do Estado do Piauí aos quais foi prescrita a droga Isotretinoína, indicada para tratamento de acnes. A pesquisa foi realizada com os companheiros de curso Rafael Portela Fontenelle e Jonathas Teixeira Mota como conclusão da disciplina “estágio 3” na Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Os estudantes observaram que, ao receber os protocolos encaminhados por hospitais da rede pública ou privada, os farmacêuticos, acompanhados por um médico, analisam o histórico do paciente e questionam a existência ou não de doença que exija o uso do medicamento. “A maioria dos protocolos indicam a existência da patologia, mas a questão da estética ainda é forte na decisão de procurar orientação médica. A maioria dos pacientes é do sexo feminino e tem de 15 a 19 anos de idade. É preciso ver se a questão psicológica não influencia a busca pelo medicamento”, explicou Prado.


Entre as atribuições dos farmacêuticos está a observar se houve preenchimento incorreto do protocolo. Na opinião de Prado, cabe ao farmacêutico passar informações sobre o medicamento e promover o uso racional das drogas prescritas.

Fonte: Portal UNICAMP

Como deter a pandemia

Confira a seguir um trecho dessa reportagem que pode ser lida na íntegra na edição da revista Época de 1º/agosto/2009.

Já se disse que os generais, pela força da história, estão condenados a repetir as batalhas da guerra anterior, sem perceber que as circunstâncias mudaram. Na semana passada, o Ministério da Saúde e as autoridades estaduais brasileiras admitiram, por atos e palavras, que vinham combatendo a pandemia de gripe suína como se fosse a batalha anterior: a onda de gripe normal que varre o país nos meses de inverno e já foi incorporada sem sobressaltos à rotina das grandes cidades. Não era o caso.

A nova gripe, embora não tenha se mostrado mais letal até o momento, é outra doença, com outras características: ataca jovens saudáveis, é transmitida muito rapidamente, evolui com agressividade e carrega o risco de uma mutação ainda mais virulenta e letal. Parece precisar, enfim, de outra forma de abordagem do ponto de vista da saúde pública. O primeiro sinal de mudança nessa direção foi a decisão, tomada em São Paulo na terça-feira, de adiar até meados de agosto a volta às aulas de 5,3 milhões de estudantes da rede estadual. A medida foi encampada pelas escolas da rede privada, chegou às universidades públicas e foi replicada no Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. No final da semana passada, contava-se no país um total de 11 milhões de estudantes cujas aulas haviam sido adiadas.

PERTO DO VÍRUS
O uso de máscaras é obrigatório no Laboratório Central do Paraná, que começou a fazer os testes da gripe


A outra mudança, que reflete uma autocrítica silenciosa do ministério, foi a decisão de descentralizar a prescrição e a distribuição do oseltamivir, nome genérico do medicamento conhecido comercialmente como Tamiflu, um antiviral que, na ausência de uma vacina, é o remédio mais eficaz para combater o A(H1N1), vírus causador da gripe suína. Até então, apenas uns poucos centros de referência em cada cidade podiam estocar, receitar e oferecer o remédio.

A nova política permite a qualquer médico receitar o produto e ao paciente obtê-lo de graça em hospitais e postos de saúde mais perto de sua casa. “É uma grande novidade para os pacientes”, afirma o epidemiologista David Uip, responsável pelo Hospital Emílio Ribas, de São Paulo, especializado em doenças infectocontagiosas. Ele diz que era “muito ruim” que apenas uns poucos hospitais especializados, como o Emílio Ribas – onde o movimento cresceu cinco vezes desde a chegada da gripe suína –, pudessem receitar o antiviral. O paciente saía do posto de saúde ou do consultório do médico e tinha de procurar um segundo médico, num hospital público, para obter um parecer definitivo.“Agora, o sujeito pega a receita e vai direto apanhar o remédio”, diz Uip.

SEM REMÉDIO
Ivete e Ramon, os pais de Renan (com a foto na camiseta), morto aos 21 anos. Faltaram diagnóstico correto e Tamiflu


Mas essa medida aumenta a responsabilidade de cada médico. “Já existem casos de resistência da gripe suína ao Tamiflu em quatro países”, afirma Uip. “O médico precisa saber que, se receitar o remédio errado, pode estar queimando uma chance de cura do paciente.”

A mudança de procedimento foi anunciada pelo ministério na quinta-feira, depois de vários sinais de que a população não estava tendo acesso ao remédio com a rapidez necessária – além de se sujeitar a aglomerações que poderiam impulsionar a disseminação da doença. “A medida foi adotada para dar agilidade à assistência”, diz Eduardo Hage, diretor de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde. Na mesma quinta-feira, a fábrica da Fiocruz de Manguinhos, no Rio de Janeiro, entregou as primeiras 210 mil doses do remédio encapsuladas no Brasil. Elas serão, agora, distribuídas aos Estados.

Desde que surgiu no México, em abril, bastaram ao vírus A(H1N1) dois meses para dar a volta ao mundo, infectando 135 mil pessoas, e matar mais de 800 pessoas em 160 países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse é o lado visível da pandemia. O total de casos é várias vezes maior. As pandemias de gripe ocorrem em ondas sucessivas, geralmente no inverno, quando a doença pode piorar ou abrandar. A questão estratégica que se coloca diante das autoridades sanitárias é desenvolver uma vacina para imunizar a população contra a nova gripe, antes que ela se torne mais letal. Só uma vacina será capaz de conter o vírus – e é importante produzi-la a tempo de enfrentar as próximas ondas de contágio.

Enquanto tal vacina não existe, o centro da polêmica que cerca a pandemia de gripe suína no Brasil é o uso do Tamiflu. O remédio não existe nas farmácias. De acordo com a Roche, seu fabricante, as doses se esgotaram naturalmente, e a política da empresa, diante da pandemia, é fornecer apenas ao Ministério da Saúde. Isso torna a política adotada para receitar e distribuir a droga ainda mais crucial para o sucesso do país no combate à gripe suína.

Defensoria Pública entra com ação para Tamiflu ser vendido nas farmácias



Para órgão, medicamento deve ser oferecido nas redes de saúde pública e privada e nas farmácias, com exigência de prescrição médica

A Defensoria Pública da União entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal para que o medicamento Tamiflu, antiviral utilizado no tratamento da gripe suína, esteja disponível nas redes de saúde pública privada, independentemente da gravidade do paciente, e nas farmácias, sob prescrição médica. O órgão pede uma liminar contra a União, o Estado do Rio de Janeiro e o Município do Rio de Janeiro, com validade para todo o país.

A defensoria afirma que o medicamento é vendido livremente nas farmácias de outros países, como EUA, Argentina e Paraguai. "Se o Ministério da Saúde detém todo o estoque do antiviral do país e proibiu a fabricante de fornecer o medicamento nas farmácias, deve então assumir a responsabilidade pelo fornecimento do mesmo para a população", afirma nota do órgão. A defensoria afirma que a possibilidade de surgir uma cepa resistente do vírus, por conta do uso descontrolado do Tamiflu, já existe atualmente, com aplicação do medicamento para os casos graves e grupos de risco. "Além do que a forma de se lidar com isso é outra: quarentena e/ou aplicação de outro medicamento (RELENZA)", diz.

Os defensores públicos também querem a ampliação da rede de laboratórios para realização do exame de diagnóstico da gripe suína, inclusive por laboratórios particulares. "Por fim, a Defensoria Pública da União encaminhará ao Ministério Público Federal uma comunicação pedindo a responsabilização dos gestores do Ministério da Saúde, em razão da não concessão de informações solicitadas pela Defensoria Pública da União."

O Ministério da Saúde vai alterar nesta semana o protocolo para prescrição do Tamiflu. A decisão sobre utilizar o antiviral caberá a cada médico e não será mais necessário que o paciente esteja no grupo de risco ou apresente sintomas graves da gripe para receber o remédio.

Fonte: Revista Época