Um estudo publicado na revista “The Lancet”, afirmou que milhares de pessoas com esquizofrenia poderiam ter sido salvas se os médicos tivessem prescrito clozapina, uma droga antipsicótica lançada nos anos 70, mas proibida por cerca de uma década em virtude de um raro efeito colateral.
Jari Tiihonen, da Universidade de Kuopio, na Finlândia, e seus colegas descobriram que pacientes tratados com clozapina corriam risco menor de morrer. Concluíram ainda que drogas mais recentes, como a quetiapina, o haloperidol e a resperidona, aumentaram o risco de morte em 41, 37 e 34%, respectivamente, quando comparadas a drogas mais antigas. Os pacientes tratados com clozapina tinham 26% menos chances de morrer.
“A clozapina é um antipsicótico atípico utilizado para esquizofrenia, mal de Parkinson, e também alguns estudos mostram sua eficácia no transtorno bipolar. Pacientes que não respondem aos antipsicóticos típicos podem responder à clozapina. A contraindicação é que não deve ser usada por pessoas que tenham número muito baixo de glóbulos brancos ou que tenham comprometimento na formação das células sanguíneas”, explica a farmacêutica e tutora do Portal Educação, Jeana Mara Escher de Souza.
De acordo com especialistas, a descoberta será aproveitada em outros países. James MacCabe, psiquiatra e consultor da Unidade Nacional de Psicoses no South London and Maudsley Hospital, em Londres, definiu a pesquisa como “espetacular e chocante”. “Será preciso rever as diretrizes para que a clozapina se torne disponível a uma parcela muito maior de pacientes.” Além disso, ele ressalta que a clozapina é particularmente eficiente na redução das tendências suicidas em esquizofrênicos, nos quais os suicídios representam cerca de 40% das mortes inesperadas.
Lydia Chwastiak, do departamento de Psiquiatria da Universidade Yale, acredita que é preciso encontrar maneiras de fazer com que este medicamento seja ministrado a um número maior de pessoas. “Se essa droga pode ajudar as pessoas a viverem melhor, precisamos avaliar seriamente as barreiras que impedem seu uso”, afirmou.
Em grande parte dos países desenvolvidos, a clozapina é usada como último recurso, no caso de os pacientes terem tentado duas outras drogas, sem melhoras. Isso acontece porque a droga causa um raro efeito colateral potencialmente letal: até 2% dos pacientes perderam seus leucócitos durante o tratamento.
Para Tiihonen, a indústria farmacêutica deve ser culpada em parte pelo fato de a clozapina ter sido negligenciada. “A patente expirou muito, portanto não será possível fazer grandes ganhos com sua comercialização.”
Fonte: Assessoria de Imprensa - Portal Educação
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