A oferta de grandes descontos por parte de redes de farmácias e drogarias atormenta farmacêuticos proprietários de pequenas farmácias. Especialistas garantem que só há uma alternativa para que os profissionais mantenham seus estabelecimentos vivos e continuem a embalar os seus sonhos de serem farmacêutico-empresários capacitados a prestar bons serviços de saúde à população: é dominar as próprias ferramentas do comércio. Mas sem perder de vista as questões éticas.
Uma senhora de aproximadamente 40 anos entra em uma farmácia e é recebido pelo seu proprietário, um farmacêutico bem preparado e desejoso de servi-la. Ela pergunta se há amoxilina de 500mg, ao que ele responde, afirmativamente. O farmacêutico pede-lhe a receita e inicia um diálogo com a paciente. Seria o começo do serviço de assistência farmacêutica que o profissional queria prestar-lhe, quando ela o interrompe, bruscamente, e pergunta: “O senhor me dá quanto de desconto! No outro quarteirão, a farmácia (de uma rede) me dá desconto de quase 60%.”
A questão levantada secamente pela mulher e o seu desinteresse em receber o serviço que o profissional queria prestar-lhe são um conflito cotidiano que, muitas vezes, dão um nó na cabeça de farmacêuticos proprietários de pequenas farmácias e remexem profundamente com eles. Bate lá na alma e remete a questões com raízes muito mais profundas.
A cena passada ao balcão da farmácia, em verdade, acumula um vasto número de itens que, no caso do farmacêutico-empresário, passa primeiramente pela ética profissional e pelos seus conhecimentos técnico-científicos; pela sua consciência social de profissional da saúde que precisa prestar assistência farmacêutica; por questões econômicas, pelo marketing, pela necessidade de lucro e outros e desencadeiam uma sucessão de tópicos que agem dentro de uma interdependência, formando uma corrente que, se tiver um único elo rompido, pode empurrar a vida da farmácia e o sonho empresarial para o precipício.
A colisão entre ética e lucro é velha, mas, desta vez, esta sendo levada a uma nova magnitude, mesmo por que as formas comerciais e suas ferramentas são muito modernas, ágeis e alcançam um universo de consumidores cada vez maior. Os estudiosos da área afirmam que farmácia nenhuma sobrevive à ausência dessas ferramentas.
Fonte: SIFEP
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