quarta-feira, 17 de junho de 2009

Anvisa quer proibir venda de remédios no caixa de farmácias

Ideia é dificultar o acesso a medicamentos que ficam à venda no caixa e que parecem tão inofensivos e evitar a automedicação.

deve ter acontecido com você. Na saída da farmácia, no caixa, você olha para o lado e acaba comprando mais um remédio. Não é por acaso. É estratégia do dono da farmácia. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer mudar isso.
A ideia da Anvisa é dificultar o acesso a medicamentos que ficam à venda no caixa e que parecem tão inofensivos. O ideal, segundo a Anvisa, é que eles fossem colocados atrás do balcão.

Os remédios estão ao alcance de qualquer um, em uma prateleira. Não precisa nem pedir para o balconista.

Geralmente, eu venho comprar outro tipo de remédio, com prescrição médica. Aproveito e levo outros remédios para a gripe, para dor de cabeça, em caso de precisar em casa”, admite o motorista Leonardo Santos.

Medicamentos para febre, dores musculares não precisam mesmo de prescrição médica.

Quando eu preciso, eu vou compro e tomo, mas não sei se eles são bem apropriados para aquilo. A gente se automedica”, confessa a profissional de turismo Fernanda Peliceri.

Mas será que são assim tão inofensivos?

Eu acho que depende do organismo da pessoa. Para mim, pode não fazer mal, mas em qualquer outra pessoa pode fazer”, ressalta a estudante Isabella Faria.

Não existe exceção. Até mesmo remédios vendidos sem receita devem ser tomados com orientação de um médico ou um farmacêutico. É para combater a automedicação que a Vigilância Sanitária quer obrigar as drogarias a guardar esses remédios atrás do balcão.

Essa proposta será apresentada nesta quarta-feira (17) ao Conselho Nacional de Saúde. O consumidor teria, pelo menos, que pedir pelo remédio, em vez de pegar direto em alguma prateleira. É a chance de ouvir conselhos, dicas do farmacêutico, que pode explicar quem não deve tomar esses medicamentos e por quê.

O remédio pode estar mascarando os sintomas de uma doença mais grave. Você não está combatendo causa de nenhuma doença, está combatendo sintomas. Então, você permite que essa doença siga seu curso natural. Esse curso, normalmente, se o corpo não for competente para combatê-la, seria ter sequelas ou até matar a pessoa”, alerta o clínico-geral Ícaro Alcântara.

Algumas substâncias têm efeitos colaterais graves. O ácido acetil-salicílico deve ser evitado por quem tem úlcera no estômago. A substância dificulta a coagulação do sangue e pode provocar hemorragia. Os remédios com paracetamol, se tomados sem controle e em excesso, podem fazer mal para o fígado ou para os rins, ainda mais se o paciente já tiver algum problema nesses órgãos. A polaramine, dos antialérgicos, dá sono. Em determinadas pessoas, diminui demais o reflexo e torna atividades como dirigir um perigo.

“O Sistema Nacional de Intoxicações tem demonstrado que tem crescido as intoxicações por medicamentos no país, notadamente as intoxicações por medicamentos isentos de prescrições, que não necessitam de receita médica e que, portanto, são comprados livremente nas farmácias”, afirma o diretor-presidente da Anvisa Dirceu Raposo.

Outro argumento da Anvisa: o consumidor gasta mal quando compra remédio sem orientação. Praticamente joga dinheiro fora, com um medicamento que pode não resolver o problema.

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