Os esforços dos países desenvolvidos para melhorar a saúde nos países pobres através do fornecimento de cada vez mais tratamentos contra doenças infecciosas acelerará a resistência dos micróbios aos antibióticos, revela um relatório publicado nesta terça-feira.
Durante os últimos anos, as organizações governamentais desenvolvidas do mundo e os grupos privados de ajuda se mobilizaram para permitir que os países pobres tivessem acesso a tratamentos contra a malária, o vírus HIV da Aids ou ainda a tuberculose, destacou o estudo do Centro para o Desenvolvimento Global, uma organização não governamental (ONG) situada em Washington.
O acesso aos medicamentos antirretrovirais para o combate ao HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) está dez vezes maior, para os remédios contra a malária a razão é de oito vezes, enquanto que para os antibióticos contra a tuberculose o acesso ficou ainda maior, precisaram os autores do relatório.
A distribuição abundante desses tratamentos certamente salvou inúmeras vidas, mas também influenciou na crescente resistência dos patógenos dessas doenças infecciosas, o que poderia ter sido evitado com um controle maior, acrescentaram.
"A resistência aos antibióticos é um fenômeno natural, mas que não é levado a sério no momento da distribuição e da utilização dos medicamentos, acelerando o processo", lamentou Rachel Nugent, presidente do grupo de trabalho que preparou o relatório chamado "Corrida contra a resistência aos tratamentos".
A resistência aos medicamentos anti-infecciosos mata milhões de crianças a cada ano em países desenvolvidos, destacou o documento.
Desde 2006, os organismos de ajuda gastaram mais de 1,5 bilhão de dólares em novos tratamentos para o combate aos patógenos que se tornaram resistentes aos remédios existentes.
Na falta de medidas extremas, a mortalidade devido à resistência aos anti-infecciosos e o custo dos tratamentos vão continuar a subir, preveem os especialistas.
Fonte: Folha.com